segunda-feira, 10 de abril de 2017

Acabei de sentar
em cima de um
Leminski.
Outro dia Vinícius,
Drummond e o
Velho Buk, tornaram-se
forro para o meu colchão.
Nas noites de frio
Clarice Lispector
me aqueceu com
suas páginas.
Vai dizer que você
nunca bolou um
na Bíblia?
Um dia desses limpei
a bunda enquanto
Nicholas Behr
tomava seu caldo
de cana na Rodoviária.

Um escritor preso
em livros está

fadado ao fracasso.
INJURIA

Calamidades
foram ditas.
Vamos,
seja verdadeira comigo,
em nenhum momento
quis que eu fosse embora?
Fala pra mim,
não minta.
Não é uma faca ou
um revólver.
São só palavras.
Fale.

Eu também já quis
que eu fosse embora.

Se não me aguenta,
me mande a puta que
me pariu.
Eu odeio o fato de
não saber o que sentem,
o que acham sobre mim.
Falem.
Mesmo, que seja
para dizer que eu
estou ficando

louco.
Minha vida
se resume
a isso.
Do outro lado
eu sento e num
papel começo um
poema.
O sol acaba de mudar de posição.

Esta coisa
que os outros
chamam de
poesia.

Daria tudo
para tirar
as coisas que nascem
na minha cabeça.
Estou sempre errado
no lugar certo.
Juro que tenho medo
de não conseguir
mais lembrar de você.

Desculpe se sou
careta
para falar
de poesia.
Escrevo poemas
para desafogar
a mente.

Mas penso demais!

E minha vida
acaba
resumindo-se
a isso.

É a coisa
que os outros
chamam de
poesia.


"O Sol é quente
no cerrado."
Tem sido a
minha frase predileta.

Temos que deixar
a mente sempre cheia.
Recolhemos todos,
pensamos e assim
descansamos.
Fiquei feliz por um
momento, quando
trazia ele para
mim.
Estava certo.
Estamos criando
filhos psicóticos
para este mundo.

Espero junto com os
outros exercer minha
função.

O cerrado é frio
e o vento é seu alarme.
Traz a melancolia e
o consumo de outras drogas.
Como a poesia,
mastigo-a com o chiclete.
Sou o carro preto que passou

e tenho saudades de mim.
Manha de Sol,
VOCÊ NÃO ESTA.
Tarde de Chuva,
VOCÊ NÃO VIRA.
Noite Estrelada
VOCÊ ME DIRÁ:

- Adeus!


Me conta uma
noticia boa
dessa que o povo
para na frente da TV
para ouvir.

Me conta a passagem
de um livro
não lido
ainda.

Da tempo de
você chegar
e ver com estranheza
a mesa que fiz
para o jantar.

Lance um disco
e dedique a mim
chore de arrependimento
e volte aqui.

E a noite
quando toda cidade
silencia
sejas tu a minha unica
companhia.


ALTAMIRA

Altamira se foi
como o floco de neve
que derrete pelo primeiro
raio de sol.
O progresso acabou com
todo o coração sonhador
daquela pequena cidade.
Eu me safei.
De longe achei que estaria
me dando bem.
Que idiota eu fui.
Já gritei o mais alto que pude
por todas as tuas ruas e becos,
disse NÃO a essa construção.
Mas o progresso era maior
que eu.
Por isso fugi.
Quando voltar já não verei mais
suas praias,
não comerei o pastel do Beto,
e não darei uma boa olhada com medo
para o beco do Afonsinho.
Dessa vez, direi a minha amiga
que me perdi em Altamira.
Meus pontos de referencia
se foram todos.
Nunca senti isso na vida,
é o primeiro ente que morre
em toda a minha vida.


Aonde foi parar a velha Altamira?
Um homem só tem
uma chance de fazer
algo eterno.

Na maioria das vezes
estamos cobertos de
nossas merdas diárias.

Mas um dia
quando menos
esperar.

Algo eterno fara você.

Uma chance

e tudo para dar errado.
Pela primeira vez
pego alguém me olhando.
Devolvo o olhar e
agradeço com um sorriso.
Passa um carro amarelo
e perco os olhos de vista.

Tive que aprender
a lidar com aquilo
que nasci pra ser.
Saber que todos os dias
chegam novas pessoas
em Goiânia e muitas
delas não sabem usar o sitpass.
Me acostumar com o Sol
amarelo que veio atras
de mim, la de Altamira.

Tempos difíceis na terra do pequi.
Eu não gosto de pequi.
E pensar em quantos você
também levou para aquele
beco pintado com suas historias
de amor.
Ser o expectador de mais uma,
não foi muito bem o que pensei.

Procuro nos becos
e você já não vai
mais aos becos.

Fiquei preso em uma rua sem saída.
Vi uma pomba bebendo
água no estacionamento.
Nunca vou esquecer
este acontecimento.
O sol quente, uma praga.
O tempo seco.
As poucas arvores
davam lugar para as calçadas.
Não se pode banhar no lago
do parque.
Onde jaz o trampolim de
concreto armado.
A cidade agora é
só prédio.
Solidão.
No quarto andar.


MÃE

Chorar já não e a solução
a não ser de tanto rir.
Olha a Dona Maria novamente
comendo pirão
de arroz com feijão
com as mãos,
porque e assim que ela gosta.
Olha eu outra vez
condenado pela solidão
fazendo poesia
e contando meiota.
Altamira que me perdoe
mas devia se chamar
Maria.
Não só pela figura que es.
Mas porque junto com ela
carregava outras tantas
Maria's.
Padeira, curandeira
quiçá primeira
dona do meu coração.





Penso no novo
PARTO
escrevo um
POEMA
nasci nova
POESIA
junto linha e
TRAÇO
esse é meu
DILEMA.



VICIO

E incessante o desejo
por um gole.
Não uma garrafa,
não um copo cheio.
E somente um gole.
Uma experiencia.
Onde faz o amor?
Onde se faz amor?
Eu quero só
um gole.


*
Ajeitem o relógio da Avenida Goias.
Cansei! E muita coisa quebrada,
é muito "deixa pra depois".
Ajeitem.
Alguém sabe ler os ponteiros?
Pode ser que diga que já é tarde demais
e não terá como resolver minha vida.

Com a Praça Cívica reformada,
não podemos admitir que um relógio
quebrado possa lhe mostrar
o horizonte.

Ajeitem o relógio da Avenida Goiás,
é por causa dele que me sinto atrasado
nesse mundo tecnológico.
Ajeitem o relógio, Goiânia e
a minha vida.
Que anda parada igual a esse relógio

que um dia espera acertar.
*
O Bandeirante
sabe quantos eixões
existem.
O Bandeirante
sabe os horários
dos ônibus.
O Bandeirante
tem o chip de todas
as operadoras.
O Bandeirante
não se incomoda com o calor.
Ele continua Bandeirante.
Esta olhando para onde?
Bandeirante não olha
para trás
veja o Novo Mundo
dominado pela

Praça Washington.
O beijo, sinto sua língua.
Meu bem, o universo nos pôs aqui.
Sorrisos.
Todo dia o vento atravessa
a porta da varanda e faz
um leve barulho.
Não ouço o que foi dito
na televisão.
Faço versos,
crio uma canção.

Ela tem seu nome.


DE HOJE EM DIANTE

Já fui assassinado
numa chacina.
Já fui Amarildo,
já fui menina.
Já fui travesti
na Paulista.
Já fui ladrão de bala
na mão da polícia.
Já fui o voto
não votado.
Ja fui o dinheiro
na cueca do deputado.
já fui proletário
comunista.
Já fui o marido
que escondeu a camisa.
Já fui amante
daquela.
Já fui de direita
e bati em panela.
Já fui o amor
sem compromisso.
Já fui o beijo doce
no marido.
Já fui a canção
de ninar.
Já virei moça
para poder dançar.
já fui pelado
para casa.
Já fui pedreiro
e mexi com massa.
Já fui massagista
erótico.
Já fui circuitos
robóticos.
Já fui de tudo
nessa vida cigana.
Já fui sábio
que se perdeu.
Já fui tudo
nessa vida mundana.

Mas hoje, sou só seu.
ME CONTE SOBRE VOCÊ

Ela veio com essa pergunta
que eu não sei responder.
Se eu soubesse já teria
ido embora a muito tempo.
Me desespero, fico feliz
em não saber quem sou.
Ela acabara de ligar uma
bomba-relógio.
Me paralisei.
Quando notei ela
estava me encarando.
Com uma cara de quem
não estava gostando.
A culpa não era minha:
- Quem mandou ela fazer
aquela pergunta no meio
do sexo oral?


ROTINA*

Ganancia era a unica coisa que não
poderia acontecer na minha vida
escrachada de poeta.
Das vicissitudes que sobraram
me restou uma poucas e boas
imagens das mulheres que convivi.
Sem duvida, não posso negar, eu
tinha minha preferida.
A imagem dela com os seus olhos penetrantes,
que nunca mentiam e que de ressaca
não tinha nada.
Era lucida, abrupta, confusão.
Em mim, as coisas borbulhavam,
espuma de cachoeira.
O cafune era espetacular.
Nos seus braços era onde eu
pedia para estar.
Nele o tempo passava devagar,
eu era feliz, sem problemas,
devia se chamar de Pasárgada.
O abraço dela era confusão.
Em mim, seresta.
Eu morria quando ela ia embora.
Mas quando ela chegava,
achava o quarto que eu estava
me lançava um sorriso
e me abraçava.
Era feito Fênix
e la estava eu de novo
nas chamas, vivo.

Era o Amor.

CAROL

 Você vai me dizer que eu não sei cantar. Talvez tudo tenha  que um dia se mostrar. Tua vida se encontrou com a minha, em plena  multidão, v...