NÃO CULPEM A MACONHA
Todos eles queriam que eu ficasse bem. Insano foi acreditar que sozinho eu daria conta daquilo tudo. Também pudera, era difícil acreditar que um cara como eu, pudesse ser triste. Você sempre me via acompanhado de muitas pessoas. No rosto sempre carregava um sorriso e estava sempre preparado para uma palhaçada. Sempre com uma boa conversa, discutia sobre tudo, até o que eu não sabia. Eu estava sempre lá, você jamais imaginaria. Tinha muito amigos, mas o tempo foi correndo, mais eu via menos sentido nas coisas e assim eles foram diminuindo. Uns foram com a distância pela mudança de estado, depois vieram as mudanças de nichos, das galeras. E eu ainda sem ver menor sentido nas coisas. Qual era o meu sentido? E por que escrever tudo isso? A automatização dessas coisas me deixavam louco. Eu não sei fazer mais nada?
Talvez, eu esteja ficando louco, há alguns dias penso em ir morar na rua. Já flertei algumas vezes, mas o medo de passar fome sempre me fez voltar para casa. Dessa vez não tenho esse medo. Tenho medo de estar lúcido, de olhar para a minha cara e ver o semblante da derrota, da incompetência. Olhar meus olhos e ver que fracassei em tudo, até agora. Eu já passava bastante tempo na rua. Flertava com as ruas enquanto entregava meus currículos em lugares que eu sabia que jamais iria voltar.Dessa vez, eu não tinha muita coisa. Morava de favor, poucas roupas e quase nada no coração.
Semana passada eu conheci o Seu Washington. Ele mora debaixo de uma marquise no Centro. Ele falou "que pessoas como eu não poderiam ir parar na rua". Triste realidade. Seu Washington já era estatística daquilo que acabara de afirmar.
Eu estava virando estatística. Eu veria Seu Washington todos os dias agora. Talvez ele me ensine as manhas das ruas, quem sabe ele goste das minhas poesia e me ajude a vender estes últimos fanzines que carrego na bolsa. A bolsa. Meu único apego. Nela estão as coisas das quais sou dependente. Canetas, lapiseiras e vários cadernos.
O meu medo era meu companheiro.
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