TIRO PELA CULATRA

Passei agora a noite pela iluminada e ainda em construção Praça Cívica. Aquele velha e incerta praça de alguns anos atrás já foi totalmente esquecida e agora a nova que vem por aí, traz um ar mais bucólico para a capital que um dia já foi bastante provinciana. Nós ainda somos a capital com mais costumes interioranos do Brasil. Aqui todo mundo se conhece, falo uma coisa e uma amiga com quem não falo a um bom tempo me diz que sabe da minha vida inteira. Me pego pensando em alguém que tenha pisado estas mesmas calçadas na década de 30, quando Goiânia ainda era um protótipo de cidade. O sonho Ludoviciano.

Praça Cívica agora está a cara daquelas praças que há nas cidades do interior, a Catedral está logo ali perto, na Rua 10. Já era lá atrás, meus Réveillon's já são tradições por lá. Daqui uns dias aquela praça estará cheia de pessoas, com os nossos bons costumes de contar como o nosso vizinho anda se comportando nos últimos meses.

Goiânia dificilmente se transformará em megalópole do futuro, nós reclamamos mas amamos está cidade do jeito que ela é, mesmo até as pessoas que não são daqui. Podermos andar em qualquer região, setor ou bocada desta cidade e encontrar um conhecido que possa nos salvar ( seja de qualquer jeito ) é melhor coisa que essa cidade pode nos oferecer.

Agora, em hipótese alguma, jamais, você poderá querer sumir por aqui, você tentará mudar de casa, para um setor mais afastado e mesmo assim, eles saberão o que se passa pela sua cabeça. Jamais queira privacidade. Por todos os cantos eles perguntarão como você está e aonde deitas tua cabeça todas as noites.

Daqui um dia a Praça Cívica estará cheia deles e você não poderá ter um lugar aonde deitará tua cabeça. Mas é como falei, todo mundo se conhece em Goiânia. Então aparecerá mais uma pessoa que te conhece e te adotará e te ajudará a passar mais essa crise.

Mais um tiro pela culatra.

Rafael Vaz