quinta-feira, 6 de novembro de 2025

 PEQUENA NOTÁVEL

Era à tarde e ela se arrumava pra sair com um amigo. Meu coração começou a apertar, sentia que estava perdendo ela.
Mas esse era o trato. Resolvo me trancar no quarto, fumar e me acalmar na solidão do meu ser. As horas passam e o que se passa em mim, já são outros ares. A poesia me prendia, no mundo que eu não via. Ouço a porta sendo aberta com um impulso desesperado e sua respiração ofegante se torna um grande eco por toda a casa, o próximo impulso é na porta do quarto.
Nossos olhos se cruzam, seu semblante se acalma, enfim me encontrou.
"Foi uma merda, não aguento mais sair com aquele menino. Prefiro ficar aqui com você."
Sorrisos à parte eu também achava isso. E passara o tempo todo esperando que aquela porta se abrisse para você entrar.
Eu não dava o melhor exemplo, há dias ficava naquele cama, morgado pedindo para não ser interrompido. Eu não fazia muita coisa por você.
Mas ali meu coração despertou, seus olhos já me brilhavam de outra forma, pedi uma dança e no meio do quarto pequeno e sem música trocamos nossos primeiro passos. Os meninos se juntam a nós. Acabamos caindo no sono. Acordo com leves toques de seus dedos no pequenos caracóis que nascem em minha cabeça. Nasce ali meu vício, você.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  TEMPO Cheguei ao fundo do poço. E daqui posso ver seus olhos. Eles são tomados por uma extrema alegria. Cada degrau até aqui foi construíd...